A canção que toca ao longe sinaliza a hora marcada. O frio que ronda a noite faz-se presente como um turbilhão calcado em medos e ânsias. É a hora! Ainda submerso em sonhos oblíquos levanta-se como se o sono o consumisse, aprofundando o abismo irreal entre a realidade que o espera e a criativa noção fantasiosa de sua mente. Chega o momento de revelar-se ao mundo e entregar-se a perfeita rotina viciante que o transforma em um ser humano comum, que sóbrio, exprime em sua cara a nociva sensação dos pulsos e impulsos do dia. É... Nada muda, trabalha, estuda, estuda, trabalha... e depois retorna a seu recanto de solidão e de idealizada paz. Volta-se para si, submerso em uma melodia profunda que toma seu eu. Os sonhos oblíquos retomam seu lugar, mais um dia, menos um dia... certo de que a canção tocará mais uma vez ao longe e sinalizará a hora marcada da rotineira via circular de mão única. (Jean Ramalho)
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