domingo, 22 de setembro de 2013

Infinitudes




Nessa infinitude particular,
o tempo perece ao próprio
poder da razão.

Palavras mórbidas, quase inócuas
anestesiam a alma e acalentam o coração.

Nada é fim, nada é começo.
Permaneço no ponto, pronto,
inconsequente nos entremeios. (Jean Ramalho)











domingo, 7 de julho de 2013

Desejos


E que essa vontade estanque
de buscar o inconstante
preencha de forma branda
o coração.

Que a voz inebriante
cálida por um  instante
seja um som de liberdade
na escuridão.

Que as palavras belas
atiradas pelo vão da terra
ultrapassem os limites
da infinita imensidão.

Que toda fragilidade
revestida de saudade
se transforme num encontro
com a própria razão.

Que todo simples desejo
seja um real ensejo
pra tal da felicidade
ser real condição. (Jean Ramalho)









sábado, 18 de maio de 2013

E por mais que a dor se resvale
num sonido ensurdecedor,
o sorriso sempre falará mais alto.


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Aprendizado interior





E com tudo vem a certeza de que nos tornamos mais felizes quando aprendemos a ignorar anseios, inutilizar atitudes e emudecer certas palavras. (Jean Ramalho)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

(Re)composto


E assim,
luz e escuridão,
frio e solidão,
paz sem mansidão
se completam.

No nascer frígido
no aparato íntegro
na camada mais profunda,

me faço, desfaço, refaço
me componho, me recomponho.

Sou cinzas, sou pó, sou carne.
Sou pranto, ardor infame.

E de tudo, renasço, apenas.
Num paradoxo vital,
sou força plena,
vontade extrema.
Sou alma, paz e coração. (Jean Ramalho)











Endereço interior


Na sutileza profunda,
na inspiração mais imunda
Me encontre lá.

No preenchimento vago,
no interior subjugado
Me encontre lá

Na singeleza pura,
na leveza obscura
Me encontre lá.

Na realidade inventada,
na fuga orquestrada
Me encontre lá.

No sentimento intuitivo,
no instinto pensativo
Me encontre lá.

Nos rompantes de coragem,
nos limites mais covardes
Me encontre lá.

Nas inverdades colocadas,
no transcendear das palavras
Me encontre lá.

No endereço ignoto,
na firmeza de um ponto
Me encontre lá. (Jean Ramalho)

domingo, 21 de abril de 2013

Caos

Diante do sonoro caos que aflige o mundo e cala nossos corações; diante da incessante vontade de cessar a dor daqueles que sofrem; diante da imobilidade flamejante capaz de parar nossos pensamentos; diante dos deslizes que assolam as almas esperançosas; diante das águas que rolam em sentido contrário a nossa labuta; diante da estridente melodia composta pela triste lamentação sussurrada de milhões; diante do grito ignoto que escapa pela ponta dos dedos de uma mão vazia; diante da calamidade que despedaça nosso sonho e transforma tudo em um fluido pesar; diante do silêncio que ensurdece o mais límpido tinir de alegria; diante de tudo isso? O que somos? O que podemos ser? Uma peça movente do destino ou a certeza que busca a mudança a cada instante? (Jean Ramalho)

Solidão a dois


E assim, nessa noite melódica
nessa bravura incansável
Somos dois, na eminência de um.

Par em disparo, caso ao acaso
vibrante pensar.

Na essência da noite, amor de cinema
Som de Caetano, perfume de flor

Notas telepáticas, sons inebriantes
Tom sobre tom, ausência de cor

Celestiando a janela, voz de verão
adeus ou saudação? Encanto voou

Pra que esperar? Encontro e desencontro
suave partir, início da dor

Volta, vem cá, pra aquecer o colchão
pra brindar o amor, invadir coração. (Jean Ramalho)





Vontades

                                                                                                 Vontade que vem do nada.
Que extravasa, me transforma,
e domina o centro do meu eu.

Vontade de sair sem rumo.
Curvas retas, ruas tortas,
a passos longos que revelam minha pior ânsia.

Vontade de despir-me.
Da objurgação subjugada,
que reprime minhas vontades mais profundas.

Vontade de fugir no tempo.
Esvair-me em versos,
que reflitam a mais sublime busca.

Vontade de sentir.
O sentimento mais sucinto,
que reduza toda a dor de uma alma ferida.

Vontade de comer.
Num apetite voraz,
devorar o revés de uma vontade obstruída.

Vontade de viver.
Sem o pudor putrefato,
que escraviza nossas próprias vontades(Jean Ramalho)


Esperançar


No entrecortar dos soluços solitários
a vida passa breve, mórbida, impacientemente leve.
Cada ponto a construir, cada esquina a ruir, cada nó desatado.
Tudo se perfaz, se desfaz, se amontoa.
Numa volúpia desamorizada, amortizada, sublime do nada
um elo deságua, desaba, desapropria o ser. E aí?
O que era, já não é! Deixou de ser, de perfazer, de embebecer!
Mas, nesse caminho sem volta, a vida ainda passa. (Jean Ramalho)